Para a maior parte dos estudantes de arquitetura, os primeiros anos a faculdade envolvem um enorme esforço para se familiarizar e aprender a usar o jargão arquitetônico. De termos nunca antes ouvidos, como Gestalt, Neufert e azimute a palavras comuns que ganham novos significados quando associadas a ideias de projeto, aprender o léxico arquitetônico é parte importante de se tornar um arquiteto.
Mês passado convidamos nossos leitores a contribuírem com sugestões de palavras e expressões que julgassem estranhas ou incomuns que apenas os arquitetos usam. Recebemos muitas contribuições em nossa página e selecionamos a seguir 70 palavras que fazem parte do cotidiano de arquitetos, urbanistas e estudantes mas que, por razões evidentes, não são familiares ao público em geral.
O uso de tais palavras coloca em discussão a evidência do caráter hermético da arquitetura (e isto não acontece apenas no Brasil, mas se repete mudo afora); isto é, se falamos através de uma linguagem própria a qual poucas pessoas de fora da disciplina têm acesso, falamos, então, para quem? A resposta óbvia e não completamente equivocada seria: para nós mesmos.
Nesta discussão é importante ter em mente que, à semelhança de qualquer outra disciplina ou profissão, a arquitetura tem mesmo uma linguagem própria – que faz uso, inclusive, de termos e expressões antigas. Limitar, criticar ou silenciar isto não está em questão, já que muito se perderia se tais expressões fossem trazidas para um denominador comum acessível a todos.
Podemos pensar, no entanto, que para contribuir verdadeiramente com a transmissão do discurso arquitetônico em áreas externas à disciplina seria preciso um esforço em trazer estas palavras e expressões para nível menos específico, tornando-as acessíveis a um leigo. Na versão similar deste artigo publicado no ArchDaily, o leitor Dougilis comenta de forma bastante clara este posicionamento: “Quando falo com um físico, espero que ele seja capaz de traduzir seu trabalho em termos que eu possa entender, e todos os ofícios e profissões deveriam seguir o mesmo padrão. Se você não pode explicar seu trabalho de forma simples, você não entende completamente seu trabalho.”
Veja, a seguir, a lista de 70 palavras estranhas usadas por arquitetos e reflita sobre como o uso do jargão profissional interfere na comunicação da arquitetura para o público.
Jargão arquitetônico:
- Gabarito
- Empena cega
- Caixão perdido
- Platibanda
- Pastiche
- Kitsch
- Pé direito
- Planta livre
- Vão
- Brise
- Pérgola/pergolado
- Mansarda
- Cumeeira
- Skyline
- Casco histórico
- Mezanino
- Esquadria
- Fenestração
- Cheios e vazios
- Compatibilização
- Shaft
- Cul-de-sac
- Interseção
- Municipalidade
- Azimute
- Pórtico
- Claraboia
- Hachura
- Piloti
- Cobogó
- Muxarabi
- Peatonal
- Baldrame
- Calunga
- Croqui
Palavras e expressões que ganham novos significados (mas que nem sempre faz completo sentido):
- Conceito
- Partido
- Conversar
- Simetria
- Permeabilidade
- Legibilidade
- Balanço
- Orgânico
- Envoltória
- Equipamento
- Programa
- Escalonamento
- Eixo
- Prancha
- Espelho
- Setor
- Fluxo
- Racionalidade
- Vistas
Expressões que os arquitetos usam demais (ou de forma errada)
- Renovação urbana
- Sustentabilidade
- Gentrificação
- Conurbação
- Arquétipo
- Taxa de ocupação
- Vernacular
- Efêmero
- Diagrama
- Revitalização
Palavras estrangeiras ou oriundas de softwares que se tornam parte da linguagem cotidiana dos arquitetos
- Plotar
- Mirror
- CAD
- Array
- Trim
- Fillet
- Layout
- Offset